IRONMAN...AH! O IRONMAN...

Por Betão Nitrini



Muitos consideram o Ironman uma prova física. Mas na verdade, na minha opinião, está longe de ser isso. Claro que você precisa se preparar fisicamente, mas a preparação mental é fundamental e muito mais difícil de ser treinada. Para exemplificar esta “teoria” vou usar minhas provas de 2009 e 2010.

No ano de 2009 decidi encarar o iron após 3 anos de ausência (o último havia sido 2006 e antes 2002), pela vontade de fazer um tempo melhor e pela companhia para os treinos. Éramos então, eu, Arthur Alvim, Fabio Barbagli, Fernando Cesário, Bruno D´angelo e Marcos Faria (uma galera que além de ser gente finíssima “anda” forte!).
Tenho por hábito anotar todos os meus treinos em um caderninho, pois me ajuda a comparar velocidades, frequência cardíaca e a evolução nos treinos. E em 2009, entre janeiro e maio, não perdi NENHUM treino de corrida, perdi 6 treinos de natação e 4 de ciclismo (sendo apenas 1 longo).

Fiz todo o planejamento nutricional, mantive o acompanhamento mensal com a nutricionista, fiz fisioterapia, massagem, até musculação (!!!), cheguei em Floripa na quarta feira anterior à prova. Tudo para chegar inteiro na prova, e realmente foi assim que cheguei. Fechei a prova em 10:35 minutos satisfeito com o resultado.

Em 2010 em virtude das mudanças no trabalho, a gravidez da minha esposa e também à redução da empolgação dos amigos citados acima e da minha também. Perdi vários treinos de corrida, vários de ciclismo, aboli a musculação, não fui a nutricionista e cheguei a Floripa sexta à tarde com o intuito de simplesmente fechar a prova. Se o fizesse para menos de 11:00 estaria satisfeito. Como nem tudo é perfeito, na noite anterior quando fui raspar as pernas, meu pé escapou da pia e arranquei um talho de 6 cm de pele da lateral da perna direita (cicatriz que ficou como lembrança desta burrice).

Lá fui eu para a farmácia para comprar gaze, esparadrapo micropore e algo que estancasse o sangramento do maldito corte!
No domingo decidi que iria correr de meia de compressão para segurar o curativo no lugar. Entrei na área de transição e coloquei um kit de curativo para fazer após a natação e após o ciclismo (lá se iam uns bons minutos de transição).
Largada!!! Natação e aquele curativo querendo soltar a água do mar fazendo arder pacas o corte e eu nadando! Etapa cumprida! Troquei o curativo, peguei minhas coisas e saí para pedalar, aí percebo que meu garmin havia ficado ligado na sacola e não tinha mais bateria e eu não tenho cateye na bicicleta!

Conclusão, fiz a prova toda na percepção de esforço, olhava para os outros e pensava: esse cara pedala forte na USP, se eu passar é por que estou bem e assim foram os 180km, quando saí da transição para correr me ofereceram um cronômetro para que eu pudesse ter pelo menos a noção do tempo de prova e do ritmo de corrida, ignorei os pedidos! AGORA VAI DO INÍCIO AO FIM NA PERCEPÇÃO!

E assim foi. Acreditem ou não, sem saber o tempo da prova, a velocidade da bike, o ritmo da corrida ou o tempo da natação, tendo que trocar os curativos e sem a qualidade dos treinos de 2009, fechei a prova com 10:08. 27 minutos abaixo do ano anterior! Provavelmente se não tivesse perdido tanto tempo para torcar os curativos do maldito corte, teria realizado o sonho do sub-10h (Ah!!! As desculpas dos triatletas...)

O que eu quero dizer com isso? Que apesar de estar melhor treinado em 2009, a cabeça fica presa a ritmos, velocidades médias, frequência cardíaca etc... e esquecemos que estamos ali para nadar, correr e pedalar dentro de um esforço máximo que suportamos e não existe forma melhor de controlar seu corpo do que ouví-lo! Fui obrigado pelas circunstâncias à fazê-lo e tive meu melhor desempenho. Fica minha dica para todos que estarão no IMB2012, OUÇAM SEUS CORPOS!!! Acompanhem pelo Garmin, pela FC, pelo cateye, mas não se baseie por isso! Seu corpo pode passar informações menos claras, mais muito mais confiáveis que nossas bugigangas tecnológicas!

Abraços!

Porque nao???

Ciro, este eh um dos textos que postamos no site (elaborado pelo Fernando Quirino) do SOLOMAN/2003 em LIMEIRA...neste texto eu escrevi como tinha sido meu SOLOMAN/1997 la no HAWAII. Eu e o Fernando Quirino estavamos "frustrados" (putos da vida mesmo) com o preco absurdo que estava sendo cobrado no IRONMAN de Florianopolis e resolvemos o problema de uma forma bem simples...SOLOMAN no quintal de casa...

Porque nao???
Bem, fiz meu primeiro Ironman e descobri que não era tão bom assim para conseguir a tão desejada vaga para o Hawaii, mas foi ai que lembrei de minha querida avó... 

Ela sempre me dizia: 

"Se você corre uma maratona, então você consegue fazer qualquer coisa". O que diria ela se soubesse que conquistei o percurso utilizado para um dos mais importantes eventos de resistência humana do mundo: o IRONMAN do HAWAII. 

Não sou ainda um Ironman oficial, meu SOLOMAN aconteceu na sexta-feira, um dia antes do evento oficial que teve 1500 atletas competindo na 21ª edição da competição, que foi em 1997. 

Às sete horas em ponto com uma temperatura de 40ºC, eu estava dando minhas primeiras braçadas saindo da pequena praia que ali existe ao lado do píer no vilarejo de Kailua Kona, chamada de "Dig Me Beach". Nos dias que antecedem a competição, o percurso da natação já fica demarcado com bóias que são substituídas por outras muito maiores e mais próximas, alinhadas umas às outras, conseqüentemente, devo ter nadado mais do que os 3,8 Km. 

Uma hora e vinte e seis minutos depois, estou eu saindo das águas límpidas e mornas do Oceano Pacífico para uma ducha em um banheiro publico que existe ali, o qual utilizei para fazer minha transição que durou em torno de 10 minutos. Existem uns suportes (iguais aos utilizados nas provas de Santos) nos quais você pode deixar a bicicleta enquanto está nadando nos dias que antecedem a prova (detalhe... ninguém rouba as bikes que são deixadas ali) e a minha ficou ali com, nada mais nada menos, sete, isso mesmo, sete caramanholas (garrafinhas d' água), e mais quatro Power bars divididas em pedaços grudados no quadro da bicicleta. Tudo isso para a próxima etapa, os 180 Km de pedal até Hawi e a volta até o Hotel Kona Surf. 

Com um "pit stop" numa lanchonete em Hawi para comprar mais água, isotônicos e sanduíches, percebi que minha meta ali não era quebrar nenhum recorde e sim terminar meu SOLOMAN. Nesta lanchonete em Hawi deixei com a moça que me atendeu, meu anel de Ironman de prata, que tinha ganhado de minha irmã um ano antes, e disse a ela que voltaria para buscá-lo, quem sabe no meu segundo SOLOMAN. A volta foi terrível, o vento naquele ano foi considerado um dos piores de todos os tempos. Soprando mais de 100 Km por hora em meu rosto cheguei a pensar em parar ali mesmo, foi ai que comecei a refletir no quanto tinha treinado para estar ali e de qualquer forma teria que pedalar até o hotel. 
Então, quando me dei conta já havia posto tais pensamentos para trás. Neste ano meu amigo Márcio de Luca estava hospedado no Hotel Kona Surf, onde fica a segunda transição, e onde eu deixaria minha bicicleta. Seria lá também onde eu tinha combinado com um outro amigo, o Mauro Godinho para levar todo meu equipamento para correr os 42,195 Km da maratona. 

Chegando ao hotel tomei uma ducha, pois o "circo" já fica todo montado na véspera, e quando cheguei à recepção para deixar minha bicicleta e pegar minhas roupas com o Mauro, não encontrei ninguém! Comecei a ficar desesperado, pois tanto esforço até aquele momento teria sido em vão caso não tivesse meus equipamentos. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, foram longos vinte e cinco minutos andando para cima e para baixo dentro do hotel, que é enorme, chacoalhando a cabeça e dizendo palavras que deixariam minha avózinha envergonhada! De repente surge ele, Maurão, do nada ... Vim a descobrir mais tarde que ele estava tirando uma soneca atrás de uma tenda. As primeiras palavras que vieram à minha boca foram: "É melhor você dizer que não estava na Exposição dos Patrocinadores" (que por sinal é excelente). Percebi que não adiantaria discutir com ele ali naquela hora e deixei para trás o ocorrido. Peguei minhas coisas e, num banheiro do hotel, fiz minha segunda transição. Comecei minha maratona e dei conta que aquela situação daria histórias maravilhosas para serem compartilhadas. Fiz meu segundo "pit stop" para comprar água, powerbar, isotônico e um sanduíche de atum, que comi ali mesmo num 7-Eleven (loja de conveniências) antes de pegar a Queen Kaahumanu (Queen K), pista que leva até o Energy Lab, onde é o retorno da corrida. 

Estava me sentindo bem no decorrer da maratona e pude assistir o pôr do sol, que me fez chorar sozinho ali naquela ilha, no meio do nada, tendo o Oceano Pacífico ao meu lado esquerdo e lava vulcânica ao meu lado direito. 

Quando entrei no Energy Lab, já era noite e tive que correr até o retorno da corrida sem visão nenhuma, apenas as luzes de um banheiro público que existia ali, onde pude abastecer de água minha garrafinha. Quando retornei à Queen K, tive a mesma sensação das pessoas que por ali correram com seus números nas camisetas. 

Não tive a torcida das pessoas que ficam no acostamento da rodovia aplaudindo os atletas no grande dia, mas tinha a torcida dos amigos que me ajudaram a chegar lá que era o que realmente importava), e ali eu já sabia que meu "sonho" estava próximo de se realizar. Para minha surpresa, estava ali no acostamento um ponto branco que, ao chegar mais perto, vi que era um "presente" do Mauro... Uma caramanhola com água ... Valeu Maurão!!! 

Quando eu estava na Alii Drive para cruzar a linha de chegada, os triatletas brasileiros estavam saindo da "carbo-dinner", que é o nosso jantar de massas. Tive o prazer de ser aplaudido por atletas que eu tenho muito respeito por terem feito as mesmas distâncias que eu acabara de percorrer. Eram eles: Nelma Guimarães, Romualdo Kubiack, José Renato Borges (Mosquito), Luiz Carlos Ribeiro (Velhinho), Alessandro Muknicka, Armando Barcellos, dentre outros. Completei meu SOLOMAN em 13 horas 45 minutos e 48 segundos, nada mal para um dia longo de treino e diversão, que foi o que pareceu para mim naquela época. 

Completar um IRONMAN requer muito tempo, não só no dia da prova, mas toda uma dedicação de treinamento, alimentação e disciplina que envolve esses três esportes. Só nos dias de hoje tenho tido a real perspectiva do que realizei lá no Hawaii em 1997. Hoje minha avó diria: “Se você corre um SOLOMAN, então você consegue fazer qualquer coisa”. E é o que estamos fazendo... A idéia é: por que pagar a uma corporação US$ 407,00 (somente a inscrição do Hawaii), quando as ruas são livres? Moro em Limeira, cidade situada a 150 Kms de São Paulo, tenho OITO amigos triatletas limeirenses que já completaram a distância de um IRONMAN, sendo que um deles já tem uma medalha de FINISHER do Hawaii, e outros que gostariam de tentar buscar a sua na nossa única seletiva que é em Florianópolis... Mas nos deparamos, digo eu e o Fernando, que ainda não é um IRONMAN, com um problema que acredito que tenha feito muitos triatletas pensarem se vale ou não a pena tanto investimento, e não é só de dinheiro não, acrescente tempo, manutenção de bicicleta, tênis para corrida, roupas, horas de sono perdidas, horas longe da família, custos da viagem, hospedagem e alimentação, etc... Resolvido esses pormenores... 

 Organizaremos um SOLOMAN aqui no "quintal de casa". Surgiu assim o 1º SOLOMAN, que daqui por diante manteremos vocês informados do que irá acontecer no dia 24 de Maio de 2003. Isso mesmo ...é esta data mesmo... nada contra quem pode pagar tudo aquilo para uma corporação... mas fica aqui um pedido... nós não precisamos elitizar tanto o nosso esporte... divida seus sonhos... reúna seus amigos e faça o que tem de ser feito... um IRONMAN.

Marcelo Vallim

Ironman do Texas 2012

Por Vagner Bessa

Ontem foi prova do IM do Texas. E vou começar dizendo o seguinte: lembram quando eu disse que tinha lido tudo sobre a prova? Pois bem, quando forem fazer uma prova no exterior, desconfiem até quano alguma coisa for repetida em vários lugares da Internet.

Bem, vocês vão entender...

Como de praxe, coloquei três despertadores para tocas as 3:30 da madrugada. Sempre acordo sozinho, mas melhor não arriscar.

Tomei um café muito leve, com pão e mantega de amendoim. Eu sei que tem gente que diz que come macarrão antes da prova para garantir um estoque de carbo ainda maior. Entretanto, pelo menos no meu caso, quando vou nadar em dia competiçao no mar, volta tudo.

O clima da prova é, como se poderia esperar, ótimo! O narrador esta longe de ser esses tipos xaropes e a musica de fundo que escolheram antes da largada foi um som do AC/DC.

Eu coloquei a porcaria speedsuit, que não importa o quanto de vaselina eu use, sempre me detona o pescoço - não vou falar a marca, mas que da vontade de começar a falar sobre isso, dá!

O Rodrigo pediu para fica na frente e aberto. Como a natação tem inicio dentro da água ( e, nossa, que água quente!) me posicionei bem na frente - tanto que cheguei a ter medo de ser atropelado.

Dada a largada, sai forte e claro que tomei muito tapa, principalmente nas pernas. Só que, poxa, sabe que não foi muito diferente de ter largado no meio, mais atrás? De um jeito ou de outro, gente apanha de qualquer jeito mesmo!

Eu só não me conformo com o fato de que eu nunca dei "bulacha" em ninguém. Eu olho em volta a cada respiração e se tiver alguém colado, encurto o braço.

Difícil isso?

Rapidamente as pessoas foram encontrando espaço e a natação se desenvolveu mais tranqüilamente. Tudo que tinha que ser feio era nadar reto até o fundo do lago, voltar, entrar em canal e terminar aí - tudo otimamente sinalizado com bóias (o que me faz questionar também o motivo das pessoas pararem de nadar para acertarem o caminho, já tudo que precisam fazer é nadar reto!)

Depois de um começo forte, entrei em velocidade de cruzeiro. Mas no Iron a natação é tão longa que percebi que tenho problemas de concentração - me peguei pensando que o Pink Floyd poderia voltar a tocar ou quem tinha sido eliminado no American Idol nessa semana...;-)))

Para evitar isso, escolho alguém que esteja nadando como eu e tento acompanhar o ritmo. Serve para me deixar ligado e forma uma referencia de posicionamento dentro da água.

Isso da certo"médio", pois sempre entra alguém no meio e bagunça tudo.

Como tinha dito, a entrada no canal, que é pequeno, mas limpissimo, embolou as coisas porque compactou todo mundo. Me virei do jeito que pude e fiz uma natação com o tempo alto, na casa de 1:22. Mas acho que, sem wetsuit, acho que é isso mesmo, sabe? Nadar lugares sem correnteza, contra ou a favor, não deixa vc mascarar o jeito que você nada. No IM do Brasil, as pessoas estão um tanto que expostas ao mar e para a maioria o desempenho lá vai depender disso.

Mas sai da água sem olhar o tempo - e sem chip também. Mesmo tendo colocado um alfinete para reforçar o velcro, na pancadaria o dito cujo foi embora. Eu não tinha visto, mas a organização da prova, sim. Em três palitos eles me deram um chip novo. Bacana a agilidade.

Sai para pedalar com um monte de bike na ainda transição, mas obviamente isso nunca é uma boa medida do desempenho na água, como depois a gente vê.

Peguei capacete e sapatilha (lá é proibido deixar a sapatilha clivada no pedal) e logo no inicio percebi que tinha feito o reconhecimento no lugar errado. Mas foi muito melhor do que eu tinha imaginado. O piso é de concreto e relativamente plano ou em descida. É como se vc tivesse pedalando em um rolo de forma bem macia, mas também muito rápido. Vou chutar aqui um pouco, mas acho que nos primeiros 40k você faz 42km/hora sem esforço.

Sério.

Mas tinham dito que no IM do Texas o ciclismo é plano e muito rápido, né? Que o problema é a corrida, né? Muito calor e umidade, né?

Bullshit!!!!!!!

Quando vc sai dessa área mais urbana e começa a entrar na área rural, o piso muda para asfalto com cascalho. Vocês já viram? O cascalho não é solto, mas fica misturado com piche.

Nesse ponto o trafego aumenta e, sim, há carros e caminhos que checam a invadir a faixa de rolamento para as bifes. A gente reclama aqui, mas é bom dizer que lá também rola esse tipo de coisa.

Começa o vento, mas logo se entra em área de bosque. Linda para olhar, mas para o pedal tá longe de ser molezinha. Seja porque o piso é ruim, seja porque começa a ter um sobe e desce que quebra sua velocidade. Consequentemente, há sempre um esforço de retomada que vai te drenando aos poucos.

Aí você sai e vai encontrar novamente o asfalto com cascalho em grandes longões. E começa o vento.

Esqueça a sua noção de vento amigo!

O pior vento que já peguei foi o do 70.3 de Miami, que basicamente foi quase todo lateral.

No IM do Texas você pedala com um vento lateral absurdo, tão ou mais forte que o de Miami. Mas olha só o que acontece.

Suponha que seja um vento lateral "noroeste" da direita para a esquerda. Aí, lááááá na frente, você entra em uma estrada e vai ter que dobrar justamente á direita, indo contra o vento.

É inacreditável o número de vezes que isso ocorre!!!!

E as estradas são aqueles longos retões com sobe e...sobe! E o piso é aquele lá, de asfalto e cascalho. De repente vc entra na área das fazendas e vê aquele cenário desolador de filme americano.

E o vento contra! Sem exagero, vc chega a pensar que os caras bolaram o trajeto da prova pra que o vento sempre ficasse sempre desse jeito!

Nesse sentido é completamente diferente de Floripa. Apesar de haver vento também fora da orla, a gente sabe que a coisa pega mesmo ali, naquela área dos túneis. Mas o vento ora te segura, ora te empurra.

No Texas, não. Você tá de frente com a ventania todo o tempo. E não tem p@&#*a de percurso plano tal como te venderam, não....(rsrs)

Quando termina esse asfalto ruim, o desgaste já te deixa mais fraco e o sol a pino começa a te desidratar. E não tem porcaria nenhuma que vc beba que segure a onda.

E também começa a bater um cert receio de vc comer algo com aquele calor e te dar algum revertério. Acho que a ultima coisa que a gente quer nessas horas é ter problemas de estômago.

Só sei o seguinte. Quando olhei no relógio para tentar me alimentar, eu tinha feito 3:15 e já tinha quebrado. Mesmo quando voltamos para o trecho urbano, que é maravilhoso para pedalar, eu não conseguia mais fazer forca.

Como eu pedi para furar um pneu ou coisa do gênero!!! Uma rampa pra mim dava vontade de descer da bike e empurrar.

No finalizando, que tinham me falado que era uma descida, eu pensei em desmanchar novamente. Mas não tinha força para isso.

E cadê a área de transição? Não chegava nunca!! Psicologicamente aquele pedal tinha acabado com a prova.

Fiz uma transição demorada porque fiquei ingerindo liquido, tentando me recompor. Então sai para fazer a parte que mais gosto! A estratégia do Rodrigo era andar nos postos e correr entre eles. Só que logo no primeiro eu parei e fiquei minutos, horas, dias tomando hidrólito.

Meu estômago comecou a ficar estufado e a musculatura do abdômen estava muito enrijecida, começando a doer.

Quando eu corria, piorava. Para passar, eu tinha que beber mais, só que isso agravava ainda mais aqueles sintomas. Eu sentia uma "sede infinita".

O abdômen só fazia por piorar e tentei colocar gelo. Inútil.

Algo sólido? Nem gel. Pensei, como iria encarar uma maratona sem poder comer nada?

Comecei a andar e fiquei na expectativa de tentar correr novamente. Mas aí a minha mente me bloqueava.

No fundo, eu tinha colapsado.

E só de pensar em andar 42k era devastador.

Comecei a chorar e me perguntava porque aquilo tinha que ser desse jeito.

Tentava trotar. Parava dez metros depois. Tentava correr devagarinho embalado por alguém, mas nada funcionava.

Meu corpo não funcionava.

Depois de umas quatro horas de caminhada melhorei, mas a musculatura da perna estava fria e doía. De tanto tomar bebida com gelo minha garganta começou a doer e tive que procurar algo morno para tomar nos postos de hidratação.

Aí, naquele turbilhão de coisas que passou pela minha cabeça, entre desistir e ir até o fim, pensei que eu tinha que terminar.

Mas não era por uma questão de "superação", esse blá, blá, blá genérico. Eu tinha razões concretas para ir até fim.

Primeiro, e antes de tudo, porque achar que fazer um Iron andando "não vale" ou "não é a mesma coisa" é arrogante e desrespeita centenas de amadores que fazem um Iron dentro das suas possibilidades. Eu sou um amador e não me julgo a ultima bolacha do pacote para achar que "ah, se é para fazer assim, melhor pegar um avião e ir para casa".

O segundo é que que eu merecia a medalha, senão pelo esforço de fazer 14 horas de prova, pelo fato de ter me dedicado demais aos treinos todos os dias nesses ultimos meses. Isso não conta?

Por ultimo, não queria chegar no Brasil com um monte de tralha do Iron porque eu tive dinheiro para comprar. Eu queria ter o uniforme oficial do IM do Texas porque tinha feito a prova.

Obviamente, tudo isso foi muito doloroso. As vezes eu pensava que alguém poderia estar acompanhando pela Internet vendo que decepção toda era aquela. Eu que sempre conseguia evoluir de ano para ano, tinha as melhores perspectivas em 2012, agora estava caminhando entre os postos de hidratação.

E, antes que o Ulisses me pergunte (rsrs), não vi pelotão na prova inteira! Você olhava na estrada e via uma fila indiana de quilometros. Andei com um grupo dentro do bosque, que se formou ali porque o pedal ficou lento e a estrada era estreita. Mas nem era possivel tirar qualquer vantagem do vacuo naquele trecho. Acabou, cada um seguiu o seu caminho.

E outra coisa me deixou de queijo caído. Na corrida, tem apenas um ponto de marcação. Todos respeitam os pontos de retorno e não tem pulseira contando primeira e segunda voltas. Eu ventava terminando a terceira volta e varias pessoas indo para a segunda exaustas. Parece inimaginável que alguém possa roubar uma volta e, portanto, "fiscalização" é uma coisa que carece de sentido aqui.

Bem, na chegada, você passa por um corredor largo e as pessoas do lado de fora te estendem a mão como se estivessem ali desde de o momento em que passou o primeiro colocado, apenas para te cumprimentar. Ainda com as pernas frias consegui trotar e entrar no clima da chegada. Eu e um mexicano, que deu um espetáculo a parte pulando junto a cerca para bater na mão de todas as pessoas que estavam acompanhando.

Foi contagiante demais. Uma cena inesquecível.

Vendo aquele sentimento de felicidade bruta, me senti com vergonha de estar sofrendo pelo que aconteceu e não me estar feliz de estar cruzando o pórtico.

A alegria daquele rapaz me redimiu. E me salvou...

Quem estava nos aguardando era a Chrissie. Ela colocou a medalha em mim, eu disse "muito obrigado" em português, ao que ela retribuiu segurando firme meu rosto e me dando dois beijos.

Posso garantir que, comigo e com todos, não foi protocolar. A gente sabe quando um gesto é apenas formal.

Quando cheguei no hotel e havia 327 posts no Ironbrothers. Todos acompanhando a minha prova aqui. Me senti uma celebridade em meio aquele grupo de triatletas e, principalmente, de amigos.

Foi um dia muito duro, certamente o mais duro desde do momento em que comecei o triathlon.

Talvez essa "surra" tenha acontecido para que eu voltasse a origem, aos valores que eu, na intenção de querer sempre mais ano após ano, me esqueci.

Reaprender a ouvir com a devida atencao e cuidado "Você é um Ironman" foi o grande significado que levo desse Iron.

O sanduiche salvador . . .

Por Marcos Borges:


Em 2010 meu cunhado (marido da minha irmã) fez o IM Brasil. Desde a inscrição dele eu já me ofereci como suporte, apoio, incentivador. (Obs: Fiquei tão entusiasmado com a prova que fiz a inscrição para fazer a prova em 2011) No dia da prova na casa que alugou estavam: ele, com a mãe, minha irmã e ate a minha mãe também foi para Floripa. Esse é um herói: levou a mãe, esposa, cunhado e ate a sogra!!!!

Ele é filho caçula, e alem disso tem uma diferença grande de idade para os irmãos mais velhos. Resumindo a mãe dele (que ate já faleceu) tinha aquele jeito de vó: super preocupada, super atenciosa, mimava o menino demais da conta. Pra ela tudo aquilo era novidade. Por mais que ele explicava as distancias, o tempo que ia demorar pra fazer a prova acho que ela não entendeu direito o que realmente consistia o tal do Ironman.
No dia antes da prova ela quis fazer o macarrão preferido dele. Junto com uma sopa de legumes que era pra deixa-lo bem nutrido pra prova. No dia da prova por mais que ele pediu um monte de vezes que não queria que ela acordasse tão cedo, não teve jeito. As 4 da manha estava acordada pra passar o café.

A casa era bem perto do retorno da Bike e da avenida onde passam correndo. Como tudo era “muito longe” (principalmente para as pernas cansadas da senhora) combinamos que o ideal seria ela ficar descansando e dar umas olhadas durante o dia nos atletas de bicicleta. Na corrida já tínhamos combinado de deixar uma cadeira pra ela acompanhar a prova sentada.
Desde a hora que eles se despediram, ela deu o ultimo conselho: “filho, não vai ficar muito tempo sem comer, hein!!!”
Quando voltei depois da largada da natação ela me perguntava sobre alimentação: “Mas o que exatamente ele comeu quando saiu da água??”. “A organização da prova distribui comida para os atletas”. O tempo foi passando e ela começou a achar aquilo tudo um grande exagero. “Ainda falta muito pra terminar a prova” “Minha nossa senhora... pra que tanto esforço”,  “Aonde que eles servem o almoço para os atletas”
Quando ele passou pra deixar a bike e sair pra corrida, fui correndo ate a casa para deixar todos a postos para ver ele passando na corrida pela primeira vez. Eu estava radiante. Mantive comigo 2 GU em cada bolso, bananas, advil, sal e um par de meias novas. Ficava igual uma barata tonta atrás dele em cada volta gritando na orelha dele e de todos os atletas.

Na primeira passagem dele, eu notei que ela carregava um saco de padaria embrulhado. So que eu fiquei tão animado acompanhando ele por alguns metros que nem percebi. Logo depois ela me chamou e disse: “O meu filho passou aqui, e nem parou... nem ouviu quando ofereci o lanche que fiz pra ele. Da próxima vez voce faz o favor de entregar pra ele sem falta!!!!”(tom meio ríspido). Deixou comigo o embrulho com o pacote de padaria.

Na próxima passagem fui correndo uns 200m do lado dele: “a gente tem duas opções, ou voce come esse sanduiche de filão com mantega e salame... ou pelo menos pega da minha mao e joga fora la pra frente senão vou tomar uma p... bronca da sua mãe”.

Caimos na risada... ele pegou o sanduiche e quando saiu da vista da mãe jogou em algum lixo. 

No final da prova ele ainda brincou com a Mae: Nossa ainda bem que senhora preparou aquele sanduiche pra mim!!! Estava com muita fome, e foi essencial para eu conseguir terminar a prova”.



Joka e os 50k do X Terra







Quer fazer uma prova de aventura, faça um XTERRA !!!!


Antes de tudo, agradeço ao grande atleta e amigo Ciro Violin, pela oportunidade de poder compartilhar minha adrenalina nos 50km, no calendário do XTerra Series Brazil Tour, nada melhor do que uma multi competição.
A prova foi realizada nos dias 21 e 22 de abril em Ilhabela / SP, num cenário espetacular totalmente preservado, contou com as seguintes provas:
- XTerra Triathlon
- XTerra Swim Challenge 1,5K
- XTerra Swim Challenge 3K
- XTerra Mini Corrida Kids
- XTerra Night Run 9K
- XTerra Night Run 18K
- XTerra Endurance 50K
- XTerra Endurance 80K
Me inscrevi nos 80k, mas optei em mudar para os 50km, pq não estava preparado para os 80km.



A largada foi na areia fofa da praia do Perequê - uns 100 metros da praça principal - logo à frente já entrávamos nas ruas transversais que nos levariam às trilhas e de cara, tínhamos uma imensa montanha de 720 metros de altitude. Bem no meio do caminho, entre as duas praias que deveríamos cruzar (Perequê - Castelhanos) eram estradas lamacentas e trilhas escorregadias, a escuridão da noite era iluminada somente pelas nossas lanternas de cabeça. Larguei forte e na primeira piramba, parei para tirar a camisa e assim cair para dentro do espirito XTerra...rs. Confesso que não foi nem um pouco fácil, nem nas descidas! Muita chuva, frio, neblina, trilhas, lama, rios, escuridão e montanhas fizeram a prova ficar bem adrenal. Quando cheguei no km 30, pensei que a volta ia ser moleza, que nada, levei mais tempo para completar os 20km e acabei fechando a prova em 7h35', tempo muito ruim, mas foi o que deu para fazer. Nunca tinha feito uma prova desse nível, agora já to esperto e ano que vem volto bem mais preparado... Sobre o Triathlon, só tenho a dizer que é muito diferente do convencional, mas um dia pretendo faze-lo. Detalhe, nos 80km, só completaram em tempo 8 homens e 3 mulheres. Bons treinos guerreiros !!!



Aloha
Joka

vale também...

POR António José Zeca de Assis

Primeiramente me desculpa pelos palavrões, mas não tem como contar sem menciona-los..

Eu tenho uma história também
Ela não ocorreu num IM mas ocorreu no short da AFA em 2006
Minha nossa!!!
Vale de provas short??

Ah... dane se Ciro, coloca aí.

Meu nome é António José de Assis e sou especialista em provas curtas.
Bom...
Especialista eu nunca fui.
Mas sempre falei pra todo mundo que eu era.
Ahahaha

Faço triathlon desde os primórdios, e digo isso pois faço desde 1991.
Comecei numa prova o qual não terminei, em Ribeirão Preto.
Levei toda a família pra me ver e parei com hipotermia na natação.
Que ridículo!
Minha mãe achou que eu iria morrer quando me tiraram da água de 16 graus , e claro , sem roupa de borracha quase roxo.

Bom....olha eu mudando a história aqui.

Em 2006, mais precisamente no final de 2006 no sábado – short na AFA eu tava treinado e motivado.
Eu e meus parceiros Caco Cassamasso (Bi-campeão mundial de Triathlon Olímpico AGE GROUP) me treinava, e eu fazia os treinos no clube de campo das figueiras em Porto Ferreira.
Alias.... moro em Descalvado, terra do Colucci, mas sou de Porto.

Eu, Marilson Marangoni, Luis Martins e o Caco treinávamos juntos e de vez em quando o pangaré do Ciro aparecia por aqui.

Em 2006 o Ciro tava começando a despontar e isso motivou muito a gente.

O FDP vinha de MTB de Leme até Porto (40km) fazia a transição/treino junto com a gente, dava pau na gente e voltava pedalando....lazarento!!!!

Bom...

o Hilton Lopes (da Brasil Fit) ficava por aqui de vez em quando também e treinávamos todos juntos.
Era uma festa!
Ô tempo bom!!!!
Nem fotos temos...que merda!

Então, voltando a história.
Short da AFA sábado, eu treinado e motivado pra caraleo.

O FDP do Ciro me deu um 220v antes da largada que eu fiquei com vontade de morder aquele inflável na largada.
Meu batimento subiu e eu parecia um maluco falando pro Célio apertar logo aquela buzina morfética que até sonho com ela.

Deu a largada!
300 caras nadando
Lago maravilhoso, sol, e eu nadando como nunca tinha nadado.

Nadei, nadei, nadei, e continuava no bolo.
Nadava, nadava, nadava e continuava no bolo.
Pensava:
“Mas que merda é essa?
To fluindo aqui nesse líquido desse lago maravilhoso, mas parece que todo mundo tá fluindo também.
A galera treinou pra valer esse ano.””

Saí da água bem.

Encontrei o Hilton na transição e ele com aquela lata velha Cannondale laranja de 1990.
Montamos na bike e....PAU!!!!!

Tava pedalando como uma moto!
Eu e o Hilton revezávamos exatamente como o Caco Cassamasso havia nos ensinado.
Estávamos fazendo certinho.

Pedalava e passava gente
Pedalava e passava gente

Revezando...

Pedalava e passava

Cada hora eu animava mais e passava gente a todo momento.

Eu e o Hilton até discutíamos assim:
“Daqui a pouco vamos pegar os líderes... é uma questão de tempo”

Bom... quando passamos pela portaria, já vimos a galera correndo.
Parecia que a gente tava buscando todo mundo, mas eles estavam bem na frente.

Ok, mas eu tava mordendo o guidão depois daquele 220v e nem liguei.
Saí pra correr como um loko, mas minha corrida é uma merda e acabei me conformando em quebrar e chegar com sei la quanto tempo.

Ganhei do Hilton, mas no final não foi tão bom.

MAS.............. tava feliz demais com meu pedal.
No final eu e o Hilton começamos a falar pra TODO MUNDO que nós dois tínhamos feito o melhor pedal da prova.
Pois a gente só passou gente.

Detalhe:
Nenhum dos dois tinha cronometro

Mas isso não interessava!
A gente passo tanta gente, mas tanta gente mas tanta gente que nós tínhamos feito o suposto melhor pedal da prova.

Passamos 1h30 falando sobre o pedal insano.

Até o Ciro falou que queria ver o resultado pra ver aquela média a lá Galindez.

Bom... saiu o resultado:

32 de média na bike

conclusão;

Eu e o Hilton nadamos tão mal, mas tão mal, mas tão mal que só tinha cara ruim na nossa frente.

Que merda!!!!!

Mas pelo menos a galera riu muito da história, e ri até hoje

Me desculpa pelo: “...só tinha cara ruim na nossa frente”

Sem querer desmerecer nem chatear ninguém...

+ histórias...

Por Luiz Eng

Ciro,


Li seu blog sobre o vento NOROESTE kkkkkkk vc salvou meu dia ... tava tendo um dia daqueles particularmente mal humorado , mas agora me vejo dando risada sozinho kkkkkkkk


Legal a iniciativa de contar um pouco das provas de Ironman de cada 1, se vc perguntar para cada 1 terá historias incríveis e que merecem ser lidas e relidas...


Em 2012, aconteceu uma coincidência incrível .


“Quando decidi encarar o IM Brasil 2011, fiz com muita certeza. Tinha me inscrito para o IM2010 porém por conta de uma prostatite que briguei a partir do inicio de abril de 2010, não obtive uma recomendação medica favorável para fazer aquela prova, foi muito difícil eu tava numa das melhores condições físicas  ( as mentais estavam terríveis pois me cobrava muito por não estar com minha família, filho pequeno, etc ... e passava muitas horas treinando ). Assistir a prova de 2010 com aquele gostinho na boca de voltar a competir numa prova daquelas me deu uma motivação incrível !!!


Pensando no que tinha feito de errado que me levou a prostatite para corrigir para 2011, não tenho duvidas em falar que teve uma parcela enorme de influencia mental , pelo menos uns 80% ... os outros 20% faz parte daquelas coisas que não controlamos na vida . Por conta de minha cobrança interna, e uma pressão que se formava na minha cabeça ( para quem me conhece sabe que para preencher minha cabeça é necessário muita coisa kkk ) , meu corpo resolveu o problema de uma forma meio ortodoxa ... encontrou uma maneira de falar , Melhor PARAR !!! .


Então, com este pensamento na cabeça comecei o treinamento pensando, vou lá para me divertir ... vou treinar o mínimo suficiente para terminar a prova de cabeça erguida e vou aproveitar tudo que der na jornada ate o IM sem nenhum tipo de extremismo.


Um grande amigo meu de Vinhedo ( o Luis Otavio) tb resolveu encarar o treinamento , porém com uma estratégia diferenciada ... treinava um volume bem superior, e talvez numa intensidade que eu não fizesse nem um short triathlon kkk . E fomos juntos compartilhando risadas, histórias e alguns treinos ... Acabamos criando uma aposta entre a gente que pelo tanto que ele treinava tinha que botar no mínimo 1 hora em mim kkk e demos muitas risadas disto vendo os treinos que já nessa época de facebook rolava para la e para  ca ...


Pois bem , o grande dia chegou , por nossa amizade ficamos na mesma casa ( nossas famílias tb se conhecem ) . Na madrugada, com o sono leve e com uma certa dificuldade para dormir, já escutei logo cedo ( umas 2 da manha ) que o manezao tinha acordado , e tava se contorcendo entre idas e vindas ao banheiro ... Eu pensei ... já to vendo tudo , ele vai chegar para mim com toda sua hipérbole ( quem o conhece sabe do que estou falando ) : “Caralho , já caguei até o cérebro  !!! Que merda não vou para porra nenhuma , mais !!!! “ Ele tinha pego uma infecção alimentar, aliado ao nervosismo que antecede a este tipo de prova ( acredito que acontece para todos )  , tinha deixado o rapaz “sequinho sequinho !!!” ...


Reclamaçao para la , reclamação para ca , fomos para a largada !!!! Já naquele momento que antecede a prova ( O meu favorito !!!! ) não o via mais , cada um tinha desejado ao outro boa prova , e que Deus te acompanhe!!!!  300 metros de pessoas alinhadas na praia transpirando ansiedade logo cedo pela manha !!!!! Momento bem mágico mesmo. De repente : BOOM !!!!!!!!!!!!!! Foi dada a largada.


A natação na prova neste ano estava tranquila no inicio , encaixei logo meu ritmo e fui andando ... na saída para a primeira volta eu levanto e quem eu vejo ? O manezao tava ali na minha frente uns 5 metros ... Gritei “ Oh LODD !!!! “ mas talvez a caganeira tenha afetado tb os tímpanos do rapaz e passou batido ... na segunda volta nadamos lado a lado , e ele nem sabia que eu tava la ... mas separados por uns 20-30 metros lateralmente ... eu olhava para boia e pensava , eu to no caminho certo, tenho certeza ... pq o mané ta indo tanto para o lado ???  Foi assim ate o final ( naquele ponto a natação tinha ficado um pouquinho mais complicada pq talvez o vento NOROESTE tenha entrado ( kkkkkkkkk não consigo mês esquecer do que vc falou Ciro kkkk )  e saímos juntos , foi muito legal pq num Iron com mais de 2000 pessoas vc não imagina sair ao lado do seu amigo !!! Foi bem legal mesmo .


Fomos para transição, fiz de uma maneira bem rápida sem grandes transtornos, eu tinha o sorriso na cara e tava feliz por estar la ... Sai para pedalar acreditando que estava na frente do Brother, e que mais em breve , muito breve mesmo ... ele passaria por mim voando e trocaríamos mais alguns xingamentos kkk . Caramba , passou muitos Km’s , e nada do cara me passar, comecei a ficar preocupado, duas coisas poderiam ter acontecido e eram igualmente ruins ... Primeira, eu teria perdido para ele na transição , o que é péssimo já que ele é uma Lady na transição ... ou segundo , o mané tinha sofrido muito por conta de sua desinteria e teria abandonado a prova . ... Mas mais alguns km foram passando e a finalmente a "MOTO" passou pelo meu lado ... trocamos breves palavras e ele seguiu o caminho dele e logicamente eu o meu ( um pouquinho mais devagar, kkkk ) .


Como sempre, em todos os IM ‘s não sei porque no km 100-120 , eu vou ficando mais forte a motivação vai indo para as alturas, e sempre vai assim ate o final do pedal. Sai para correr, encontrei minha família, o que sempre da um gás a mais e desta vez era mais impressionante pq eu tinha meu filho pequeno lá para me incentivar ... e logo mais para frente encontrei a família do LODD , perguntei se estava tudo bem com ele e já tinha visto um nariz meio torto da esposa dele na resposta ... o Tempo foi passando e já no final dos 21kms no segundo encontro com as famílias, a esposa dele me manda ... “Luiz por favor veja se esta tudo bem com o LODD, ele passou aqui e não estava nada bem !!!! “ ... Caraca já vai dando aquela preocupação ,mas a segunda volta de corrida passou inteira e nada de eu encontrar ele , bom sinal !!! Ele tinha se recomposto ... Já no inicio da terceira volta, encontro um ser cabisbaixo ... vomitando tudo e mais um pouco e parei para conversar um pouco com ele dar uma força e propor para irmos juntos ate o final , meu ritmo já era de lesma mesmo ... com 30 e poucos kms de corrida nas pernas , para mim pouco importava chegar com 10, 11 ou 12 horas ... nessa hora eu esqueço mesmo do tempo de prova . Tentei , tentei e ele não queria saber, começou a ficar meio bravo falando ... vai embora %4$^^^$ !!!!! , Vc vai fazer abaixo de 11hs não fica aqui parado não.  Me mandei meio chateado , mas naquele momento me pareceu ser o certo a fazer . ... Passaram mais alguns km’s ... e ai , a família URSO definitivamente tinha resolvido pegar carona nas minhas costas. E uma coisa bem legal aconteceu ... desta vez meu amigo chegou em mim ... e já estávamos na Av Buzios ...

Que emoção legal ... fazer a chegada de um IM com seu melhor amigo é uma coisa que a gente nunca imagina !!!!

Pois bem o resto é historia.....

Largamos juntos as 07 da manha do dia 29 de maio de 2011 ......  e estávamos juntos na linha de chegada com nossas famílias bagunçando geral !!!!

E o melhor ... os dois acabaram fazendo mesmo depois de tantas coisas ...o Personnal Best !!!!


Esta prova realmente não vou esquecer ... foi uma jornada bem legal. “


Abs

Luiz Eng



se quiser mandar sua história me manda um email: civiolin@hotmail.com  

Ironman Austrália 2011

por: Maximilian​o Franceschi

No dia seguinte ao Ironman Austrália 2011, feliz de ter completado o meu primeiro, dolorido como nunca antes, fui almoçar com a esposa e um casal de franceses (ele também triatleta).

Entre lembranças da prova e planos futuros de pessoas que pouco provavelmente se voltarão a ver, minha esposa fala:
- Olha o "cara" que ganhou a prova ontem, esta na mesa ao lado
Olhamos pro lado e uma típica família australiana com 3 gerações presentes almoçava tranqüilamente, sem nenhuma movimentação diferente ao redor.

Gargalhadas gerais, começaram as piadas em português, francês e inglês.
- O campeao da prova almocando tranqüilamente, ninguém cumprimentou ele até agora? Vc nem gosta de triathlon como vai conhecer o ganhador? Rsrsrs
- POSSO NÃO CONHECER NADA DE TRIATHLON, MAS ENQUANTO VCS CORRIAM EU ESTAVA NA ARQUIBANCADA E VI ELE CHEGAR EM PRIMEIRO. Disse ela não achando graça das piadas.
Algum tempo depois levanta-se da mesa ao lado, um magrão com polainas elásticas e senta-se num sofa próximo. Passam duas pessoas e o parabenizam.
O francês que escrevia sobre triathlon para uma revista em Nice, percebendo a deixa, vai em direção ao cara e pergunta:
- Excuse me, are you Pete Jacobs?
Diante da resposta afirmativa e da simpatia e simplicidade do campeão, ficamos batendo papo por uns 15 minutos sobre triathlon e também outros assuntos.
A família dele se levantou para ir embora, nos despedimos, demos parabéns também a todos (sua mae super simpática não conseguia esconder o orgulho)
Ao voltar a mesa não fomos perdoados pela minha esposa que aproveitou sua vez de fazer piadas.
Moral da história - nunca subestime a mulher de um ironman
Segue anexo uma foto tirada da situação (estou sentado devido ao cansaço das pernas)





Espero que este ano em Floripa também renda boas histórias. Meu número será 757


Abraços a todos Max

IRONMAN Africa do Sul 2011...

... prova da determinação



Por:  André Teixeira - Aracaju/SE
 Quando comecei a treinar, em Novembro/2010, para o IRONMAN da Africa do Sul ainda não tinha certeza se participaria da prova. Precisava aguardar recursos financeiros para fazer a inscrição e programar a viagem. Foram 2 meses de treinamento até conseguir realizar a inscrição e programar a viagem faltando pouco mais de 2 meses para a realização da prova.
   Nunca havia treinado com tanta determinação para participar de uma prova. Para o IRONMAN Brasil de 2010 eu treinei com determinação, mas ainda estava me conhecendo e aprendendo as melhores maneiras de realizar os treinos, organizar os descansos e conciliar com a vida pessoal e profissional. Então para mim o resultado alcançado ao cruzar a linha de chegada, independente de qual fosse, seria o melhor.
   Agora, para o meu segundo IRONMAN, eu já sabia como dividir meu tempo e pude me preocupar mais com a progressão nos treinamentos. Realizei meus treinos longos de 4, 5 ou 6 horas de pedal com mais 30, 40 e até 50 minutos de corrida com muita vontade e procurando sempre a progressão nos tempos. Nos treinos de corrida saia para correr 2 a 2 horas e meia já com as passagens a cada quilometro definida na cabeça.
   Nas últimas 4 semanas, consegui progressões muito boas nos treinos de corrida, saindo de 4:30/km na semana 14 para 3:57/km na semana 18 em um percurso de 12,2 km. Na semana 17, 3 semanas antes da prova, participei de duas competições no mesmo dia. Pela manhã conquistei um 5o lugar no ciclismo, onde fechei os 20 km para uma média de 36,3 km/h e a tarde corri a São Cristovão - Aracaju, um percurso de 25 km com muitas subidas, que fechei para 1 hora e 44 minutos (4:09/km).
   Com a progressão nos treinos e estes resultados poucas semanas antes da prova estava muito confiante que poderia realizar uma ótima prova na Africa do Sul.
   No IRONMAN Brasil participei imaginando que conseguiria fechar a prova em menos de 12 horas e me surpreendi quando cruzei a linha de chegada em 10 horas e 32 minutos.
   Agora fui para a Africa do Sul com o objetivo de baixar das 10 horas, principalmente realizando uma ótima corrida já que foi a modalidade que mais progredi durante os treinos. Mas infelizmente fui surpreendido por situações e acontecimentos que influenciariam na realização da prova.
   O primeiro equívoco foi programar turismo antes da prova. Depois o fato da minha esposa ser mordida por uma aranha já no segundo dia da viagem causou preocupação, e o preço cobrado pelo atendimento médico e medicação só fez aumentar a preocupação já que praticamente todo o dinheiro que levamos foi utilizado. E o pior, não havia feito um seguro de viagem. Estas situações aliadas a falta de costume de comer alimentos com muito tempero, e fortes como pimenta e curry, fizeram com que eu desenvolvesse problemas intestinais que desencadearam uma desinteria já no dia 07 de Abril quando viajamos para Port Elizabeth, local da prova.
   Chegando lá procuramos comer somente no McDonald´s já que era algo mais conhecido e ficaríamos menos suscetíveis a temperos e molhos. Somente no sábado, dia 09/04, véspera da prova, após deixar a bicicleta na área de transição, tivemos a idéia de procurar um remédio para restauração da flora intestinal. O remédio fez efeito, mas somente 3 dias depois e infelizmente fiz a prova em condições físicas abaixo da capacidade ideal.
   No dia 09/04, almoçamos no McDonald´s e no mercado aproveitamos para comprar pão, maçã, bolacha água/sal e abacate (minha alimentação oficial no café da manhã) para eu me alimentar. No jantar tive a idéia de pedir prato de macarrão sem molho, isso mesmo, macarrão seco e consegui comer dois pratos bem servidos o que me deixou mais confiante para o dia seguinte.
   No subconsciente eu estava tão preocupado com a situação que acordei as 03 da manhã achando que havia perdido o horário. Passado o susto dormimos mais uma hora para então acordarmos para tomar o café da manhã. Comi basicamente o que havíamos comprado no mercado.
   As 05 da manhã já estávamos na área de transição para organizar os preparativos finais antes da largada.
   As 07 da manhã em ponto foi dada a largada. Estava me sentindo bem, não o suficiente para o meu melhor, mas confiante que faria uma boa prova. Apesar da água gelada, várias vezes precisei abrir e fechar a mão para melhorar a circulação e ver se passava menos frio, concluí a natação em 01 hora e 08 minutos. Fui para a transição realizando-a 4 minutos e meio mais rápido que no Ironman Brasil. Sai para os 180 km de ciclismo que foi realizado em 3 voltas de 60 km. Os primeiros 13 km era praticamente todo em subida já que saíamos do nível do mar para alcançar 183 metros acima do nível do mar. A partir deste ponto passávamos a pedalar em declives e trecho planos com poucas subidas até fechar os 60 km da volta. No percurso havia trilho de trem, lombadas e trechos, principalmente do km 25 até o km 50 com muitas ondulações no asfalto.
   Foi numa destas lombadas, próximo ao km 30 que meu pneu furou. Fiz minha estréia em troca de câmara durante uma prova, já que nas demais provas que havia participado nunca foi necessário parar por problemas técnicos. Aqui sofri por cometer outro erro. Não testar um equipamento ou acessório antes. No dia anterior havia comprado uma bomba com a promessa de ser muito eficiente. E realmente é, só que eu levei uns 20 minutos para descobrir seu funcionamento correto e isto me custou uma câmara nova já que na tentativa de encher quebrei o bico. Depois de perder uma câmara nova, fiquei testando a bomba na câmara que furou até entender que era necessário enroscar o bomba no bico da bicicleta para o uso correto da mesma. E sem dúvida a bomba é ótima, pena que descobri durante a prova.
   No total foram 25 minutos perdidos e faltando 150 km para completar o ciclismo saí sem nenhuma câmara reserva. Confesso que neste momento passou pela minha cabeça que a prova terminaria por ali ou que não concluiria o ciclismo caso viesse a ter novos problemas com o pneu. Completei a primeira volta em 2 horas e 20 minutos. Fiz a segunda volta com muita cautela ao passar pelo trilho do trem, pelas lombadas e imperfeições da pista procurando reconhecer estes pontos para a terceira volta. Completei a segunda volta em 2 horas. Já na terceira volta fui para o tudo ou nada, apertei o ritmo e completei no ritmo que tenho pedalado nas últimas competições fechando a volta em 1 hora e 50 minutos.
   Passei pelo relógio na área de transição marcando 07 horas e 28 minutos de prova. Mais uma vez fiz uma transição rápida e desta vez sem penalidade, consegui baixar em mais de 6 minutos a segunda transição em relação ao IRONMAN Brasil. Sai para correr com um pouco mais de 07 horas e 30 minutos de prova. Emocionado por ter concluído o ciclismo apesar dos contra-tempos técnicos, comecei correndo para 04:40 min/km, mas já no km 2 precisei parar para as necessidades de número 1. Quando retornei já havia um posto de hidratação onde peguei coca-cola e espuma com água gelada já que o sol estava forte. Deste ponto em diante não consegui manter um bom ritmo de corrida, pois percebia que estava sem força para imprimir um ritmo mais forte.
   Continuei dentro do que imaginava ser meu limite até que no km 13 os problemas intestinais voltaram e precisei parar para as necessidades de número 2. Ali ficou o pouco de reserva alimentar que eu possuia do dia anterior. Depois desta parada passei a consumir coca-cola e carboidrato em gel distribuídos nos postos de hidratação. Ainda pararia outras vezes para as necessidades de número 1 e no km 34 novamente os problemas intestinais me forçaram a parar. Não imaginava que ainda teria alguma coisa para eliminar, puro líquido.
   Terminei os 8 km finais somente na força de vontade, correndo para 6:00 a 06:30 min/km e com a determinação de quem treinou buscando sempre o progresso dentro dos limites físicos. E sem dúvida toda a preparação foi fundamental. Preparação que foi focada para completar a prova em menos de 10 horas, mas que serviu para concluí-la, mesmo com as circusntâncias adversas enfrentadas, em 12 horas.
   Mais uma vez fica comprovado que uma preparação bem estruturada e consistente é fundamental tanto para concluir a prova dentro do esperado e do planejado como também para concluí-la dentro de situações não imaginadas e atípicas.
   Graças a este treinamento tive condições fíisicas e psicológicas para completar meu segundo IRONMAN, o primeiro do projeto
TRIATHLON ULTRAMAN 14, que sem dúvida me ensinou muito para as próximas provas. A intenção de realizar provas do circuito IRONMAN em diferentes lugares é exatamente adquirir experiência para o objetivo principal que é concluir o ULTRAMAN abaixo de 24 horas.
   Agradeço a benção de ter condições de participar e finalizar mais um IRONMAN e a todos que acompanham e acreditam nesta "odisséia" e torcem para que as metas sejam alcançadas rumo ao objetivo principal. 

Histórias dos Ironmans

Pessoal...

Mais um Ironman chegando...
Muitos treinos para a grande maioria, frio na barriga, expectativa, família deixada de lado (por muitos) , almoços de domingo quase esquecidos, frio demais, calor demais, bicicletas novas, roupas novas, um monte de gente atrasada nos longos de corrida...

... tem gente que só se preocupou com os treinos de bike, tem gente que só se preocupou com a corrida e com certeza a grande maioria se esqueceu da natação...


Mas não é sobre isso que eu quero falar.

No meio dessa bagunça organizada, queria aproveitar para dar uma descontraída na galera.
Todos os anos surgem  COM TODAS AS PESSOAS  algumas histórias.
Elas podem ser engraçadas , trágicas , tristes ,  marcantes , felizes , que as vezes podem ou não serem compartilhadas.

Eu queria abrir um espaço aqui no blog para quem quiser e tiver vontade de contar um "causo" sobre histórias que ocorreram nos Ironmans passados...

Não necessariamente no Brasil, mas qualquer um, qualquer história, em qualquer país....mas gostaria que fosse apenas sobre Ironmans

Podem ficar a vontade.

Escrevam, me mande no email que eu publico nessas semanas que antecedem o Grande Dia.
Fiquem a vontade..... o espaço é de vocês.

Apenas vou começar comigo, para dar uma incentivada na galera....


email: civiolin@hotmail.com 



Meu causo:
 
Todo IM tem uma história... ou várias histórias.

O que vou contar agora foi no IM de 2010,  e planejei contar no IM de 2011..... acabei não contando.....e se eu não escrever isso agora, talvez se perca apenas na minha memória.

Dei muitas risadas com essa história, e por isso acho que preciso compartilha-la, para quem sabe alguém rir junto.

Bom, em 2010, eu e o Max, da Kona Bikes eramos pouco conhecidos.
Tinha comprado o quadro Argon e as peças com ele, e de vez em quando a gente conversava por email.

Em 2010 la na cidade do Ironman em Floripa na loja da Kona, vi que ele estava super atarefado nos dias que antecediam o IM, e por tanto não queria muito atrapalhar...

Na véspera da prova, estava meio frio, e eu não tinha manguito.
Resolvi ir até a loja e comprar algum, já que poderia fazer frio no ciclismo.

Chamei meu parceiro/irmão/amigo Murilão e fomos para a expo à noite

Chegando lá encontrei o Max e trocamos algumas palavras.... eu peguei o manguito branco com listras pretas do M Ribeiro que uso até hoje e pronto......... tava quase indo embora quando ele começou a falar com a gente sobre como seria a estratégia de prova...
...como eu faria a prova, como eu estava, se estava ansioso, etc.

Até que o Max começou a falar do vento.

Ele falou do vento para nós de uma maneira que nunca ninguém tinha falado. 
Nem meu professor de metereologia na faculdade.
Falou com autoridade e um incrível conhecimento e até me deixou com medo.

O Murilão, que estava ao meu lado escutou toda a conversa.....

A conversa acabou, nos cumprimentamos, ele falou um "boa prova" e fomos embora.

O IronMan passou...........  um ano inteiro de TANTA coisa aconteceu.

Conversei com o Max mais um milhão de vezes..... e, de vez em quando eu lembrava da conversa do vento que tivemos na véspera do IM 2010...... mas logo esquecia.

Bom.... quase um ano depois...... exatamente um domingo antes do IM B 2011,  fui fazer um treino com o Murilão.

Testar as bikes, fazer um pouco de força.
A ideia era de 2000m / 80km / 10km

Nadei daquele jeito...com o neoprene..... em voltas na piscina do clube,  e saímos para o pedal.
A ideia era fazer 80km ritmado e fácil. Mas saiu tudo pela culatra.

Não dava pra acredita no vento que estava!!!

Vento não .........  ventania.
Foi completamente complicado de pedalar.

Os 80k eram em 2 x de 40, e na segunda volta de ventos contra , já com um zunido no ouvido, com dor de cabeça e a média dando 26km/h o Murilão FALOU:


``Que vento noroeste do caralho!!!´´


E eu:

“ vento noroeste? Vc nem sabe onde fica o norte e o sul, como sabe que este vento é noroeste? ”

E ele:

`` Eu não sei....... to lembrando daquele dia que O Kona Bikes falou desse maldito vento noroeste em Floripa, e que eu não entendi NADA!!!!´´

´´Eu lembrava dele no meio da prova. Lembrava dele falando do vento noroeste,  mas que eu não sabia nem onde era a porra do norte nem a porra do sul..... eu xingava o vento e xingava O Kona Bikes e aquele maldito vento não me deixava pedalar.... que sofrimento de vento noroeste.... ô vento noroeste do caralho!!!! ´´


E........EU quase caindo da bike de tanto rir.....olhei pra ele e falei:

“ cara..... aquele dia eu também não entendi NADA!!!!!´´

E ele:

"Mas vc estava prestando uma atenção..."

E eu:

``Pois é.... mas não entendi porra nenhuma......lembrava do vento noroeste no meio da prova também, mas não sabia de onde vinha ´´

E ele:

´´Então........... aquele dia era pra eu ter te perguntado, pois parecia que vc estava entendendo e saberia me explicar sobre o vento noroeste, mas alguém te chamou e esqueci.... e nunca mais lembrei..... só lembrei dessa merda de novo agora!!!!´´

E demos risada os outros 40km de bike.... falando da “porra do vento noroeste” que o Max da Kona Bikes tinha nos alertado.

Bom.............

Contamos essa história para mais um monte de gente na última semana que antecedeu o IMB 2011....continuamos dando risadas........ só que até então não sabíamos de onde vinha o vento noroeste.

Chegamos em Floripa e na sexta fomos nadar com o pessoal de Goiânia.

Depois da natação, o Santiago tava dando uma entrevista e por acaso ele falou:
``Esta vindo um vento Sul agora....´´

Aí o Murilão queria morrer.........

“ Porra............todo mundo sabia dos ventos em Floripa, menos os dois caipiras aqui ”(Ciro e Murilo)

O Murilão ficou indignado, mas mesmo assim sempre falava:

``Que se dane se o vento vem do Sul, Noroeste, Leste, Sudeste, Norte..... pelo jeito vai ventar pra caralho e a gente vai se foder mais um ano´´

hehehehehehehehehehehehehehe

E até agora  não temos certeza de onde vem o vento, nem pra onde ele vai.........  só sabemos que ele atrapalha pra caralho!!!!!!!!!!

ahahahahahahahahaha

Essa foi um história de 2010 contada em 2012

Teve uma história de 2011 que será contada apenas em 2013..... E o MAX, esteve nela também.


Quem quer contar seu causo ??